Queridos irmãos e irmãs,
Ontem, na qualidade de Administrador Paroquial da Comunidade Católica de Língua Portuguesa em Frankfurt, participei pela primeira vez, em Marienthal, como concelebrante na celebração da Eucaristia e na procissão que se seguiu. Graças às celebrações regulares em Wiesbaden e Limburg, muitos rostos destas comunidades já me são familiares, e foi muito bom para mim poder ter todas as comunidades reunidas e celebrar juntos. Tivemos um dia muito bonito, apenas interrompido brevemente, pouco antes do início da procissão, por uma trovoada com chuva intensa. Também gostei de encontrar, após a procissão, várias famílias de diferentes lugares no salão do peregrino para um momento de convívio.
Três temas marcaram este dia, em que as Comunidades Católicas de Língua Portuguesa da Região Reno-Meno celebram tradicionalmente a Assunção de Maria: Maria, Família e Migração.
Família, porque por ocasião do jubileu proclamámos um ano dedicado à família, com o lema: “Famílias, Peregrinas da Esperança”.
Migração, não só porque grande parte dos participantes da celebração viveu a experiência migratória, mas também porque o dia 1 de junho é o dia de memória litúrgica de São João Batista Scalabrini, que, ao longo da sua vida, se dedicou incansavelmente ao acompanhamento pastoral dos migrantes, e por isso foi declarado pelo Papa Francisco, na sua canonização a 9 de outubro de 2022, como o “Pai dos Migrantes” (mais informações sobre Scalabrini e a congregação, por ele fundada, para o acompanhamento dos migrantes, podem ser encontradas aqui).
Migrantes e peregrinos têm muito em comum: são pessoas que deixam muito para trás, que estão em constante movimento, exterior e interiormente. São um pouco de todo o lado e de lado nenhum. Vivem muitas vezes separados das suas famílias de origem, criam novos laços na nova pátria, mas nunca estão completamente em casa, pois há sempre alguém querido que está longe. São pessoas corajosas e cheias de esperança, que se arriscam muito por um futuro melhor. Mas nem todos os migrantes são peregrinos. Os migrantes tornam-se peregrinos da esperança quando vivem a sua migração como vocação, assumida com fé. Assim, a migração torna-se um sinal dos tempos, uma participação no plano de salvação de Deus, que deseja construir comunhão para além de todas as fronteiras de nacionalidade, língua e cultura.
As famílias migrantes enfrentam desafios particulares: muitas vezes são separadas pela migração, por exemplo, quando um membro emigra primeiro para procurar trabalho e um lar digno, com a intenção de mais tarde trazer a família. Ou pela fuga, quando nem todos os membros da família obtêm autorização de residência ou quando o processo se arrasta durante anos e o desfecho é incerto.
A festa da Assunção de Maria ao Céu aparece aqui como uma promessa de reunificação familiar. Esta festa celebra o reencontro da família de Nazaré: Maria, que foi separada do seu Filho de forma muito dolorosa na cruz, está agora novamente unida a Ele. Mas a Assunção de Maria ao Céu não é apenas uma boa nova para Maria. Maria não se representa apenas a si mesma – ela representa a Igreja, representa toda a Humanidade. Com a sua assunção, também nós já colocámos um pé na porta do Céu. Também para nós vale a promessa de reunificação familiar com Deus e entre nós. Que esta esperança permaneça viva em nós, em todas as subidas e descidas da vida – é o que vos desejo de coração e, para isso, peço a bênção de Deus para todos nós.
Pe. Tobias